domingo, junho 8, 2025
InícioCotidianoReconciliação das Diferenças

Reconciliação das Diferenças

-

Jesus, na “Oração sacerdotal”, pediu ao Pai a união entre os seus, que iriam crer nele, pela palavra testemunhal dos Apóstolos. Esta unidade, na fé e na caridade, é sinal de credibilidade, perante o mundo, de sua própria origem divina e de sua missão de Salvador. A comunhão das três Pessoas divina é fonte e modelo da unidade da Igreja: “Comunidade reunida em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Concílio). Como há um só Deus, em três pessoas, iguais e distintas, e uma só natureza, assim, a Igreja: é una e plural. A pluralidade não se opõe à unidade, pois a unidade não é uniformidade, mas, reconciliação das diferenças.

O Espírito Santo colocou em marcha, nos dias de hoje, um movimento, que procura reunificar o corpo de Cristo, despedaçado, por culpa e intransigência tanto de uns como de outros. Paulo revela o fundamento da unidade dos cristãos: “Um só Senhor, um só Espírito, uma só a esperança, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos”. Os pontos, que nos unem totalmente: Trindade, Bíblia, Domingo, Credo, Conversão, Salvação e Santidade; outros, parcialmente: batismo, Santa Ceia, missão, autoridade, justificação e Reino.

Leia também:   Santo Tomás de Aquino

Houve dois momentos, marcantes na história da divisão. O Cisma do Oriente: Miguel Cerulário, patriarca de Constantinopla, em 1054, se separou, fundando Igrejas Ortodoxas nacionais. O Cisma do Ocidente: Martinho Lutero (Alemanha), em 1517, e Calvino (Suíça), em 1536, deram origem às Igrejas protestantes. Ambos romperam com a unidade da fé: sua atuação, porém, foi diferente. Lutero criou uma nova espiritualidade, na linha do coração; Calvino, ao invés, fundou uma nova Igreja. O luteranismo ficou aos territórios alemães; o calvinismo se internacionalizou, atingindo o homem na sua totalidade.

Hoje, está se fazendo uma revisão histórica e doutrinal das causas das divisões, num clima fraterno. Esquecendo acusações descabidas e mal entendidos preconceituosos, a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965) está crescendo entre os cristãos a tristeza pelas divisões e o desejo de unidade. Condição para realizar o sonho de Cristo, “que todos sejam um”, é ter um coração humilde: ver no outro a verdade, que nos falta, capaz de nos faz crescer por dentro, na verdade da fé e no fervor da caridade. Jesus disse: “Antes de apresentar a tua oferta diante do altar, vai, antes, reconciliar-te com teu irmão” para poderem comer o Pão da unidade, de mãos estendidas e de corações unidos.

Leia também:   Santo Tomás de Aquino

Celebramos, no Brasil, nesta semana, que precede a festa de Pentecostes, a “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”, de 12 a 19. Tema: “Amarás a Deus e amarás ao próximo, como a ti mesmo”. O CONIC (Conselho Nacional Igrejas Cristãs) recorda: “O Espírito é maior do que nossas fraquezas:  age nos corações, levando a superar incompreensões e divisões”. Paulo exorta: “Guardem a concórdia fraterna; não alimentem divisões; vivam uma perfeita unidade, pois o Corpo de Cristo não pode estar dividido”. Papa Francisco – aos líderes anglicanos, recebidos no Vaticano, em 02 de maio ado – conclamou: “Sejamos construtores de unidade”.

(*Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

 

Foto do destaque: TC Digital/Arquivo

 

MAIS...

Recentes

error: Função indisponível