domingo, junho 8, 2025
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PADRE ERNESTO ASCIONE

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Domingo de Ramos

Portal da Semana Santa, o Domingo de Ramos ou da Paixão nos faz entrar na Semana, a maior do Ano Litúrgico, pois nos faz reviver os momentos mais significativos da jornada terrena do Cristo. Diante de nós, são apresentadas duas opções que determinam a nossa salvação ou perdição eterna: aclamar ou desprezar o Cristo, segui-Lo ou recusá-Lo, assumir a sua lógica ou a do mundo. O pecado de Adão foi exatamente este: constituído na riqueza da santidade original, recusou-se pertencer e depender de Deus, negou-se a reconhecer a sua condição de criatura, quebrando, desse modo, a aliança com o seu Criador.

Foto: TC Digital/Divulgação

Como um contágio, a opção de Adão alastrou-se pelo universo inteiro, envolvendo, também, toda a humanidade na sua queda: “Todos pecaram, –diz Paulo na carta aos Romanos–, mas, Jesus Cristo nos remiu”. A aliança rompida foi reatada por Cristo, novo Adão: “Humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” – diz Paulo aos Filipenses. “Tende em vós –exorta ainda– o mesmo pensar de Jesus Cristo!”. O pecado aninhou-se em nosso coração, ramificando-se em muitas manifestações: egoísmo, soberba, imoralidades, mentira, agressividade, apatia, falsas doutrinas, ideologias ateias e materialistas, governos opressores, racismos. Daqui à necessidade de uma contínua conversão: ela, de fato, não é um ato, mas um processo.
Na antiga liturgia, no Domingo de Ramos, o sacerdote, terminada a procissão de Ramos, com a haste da cruz da procissão, batia com força na porta da Igreja, que, fechada, se abria, para o povo de Deus entrar, festante, agitando os ramos de oliveira, imagem da nossa salvação. Jesus Cristo, tomado por um imenso amor por nós, com Sua Cruz, bate, com força, na porta da Casa do Pai, que, fechada, se abre, para todos, nela entrar. Nesta Semana Santa, Ele bate, também, na porta do nosso coração, para, seguindo suas pegadas, nos convertamos ao Bem e à Verdade.
“Os Evangelhos –afirmam os exegetas– são a narração da Paixão do Senhor, precedida por uma extensa introdução”. A primeira pregação dos apóstolos foi, de fato, o “Kérygma”: a pregação da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, centro e o coração da vida cristã. A Paixão de Cristo nos ensina como Deus é capaz de transformar o mal em bem, as trevas em luz, o ódio em amor, a derrota em vitória, o antireino em Reino de Deus.
O povo esperava um Messias de poder, superdotado, vitorioso. Movido pelo desejo de uma vitória estrondosa sobre seus adversários, pareceu-lhe ingênua a postura de Jesus, feita de humildade e mansidão. Decepcionado por esta atitude e tomado pelo espírito deste mundo, foi incapaz de compreender o alcance de projeto libertador de Jesus: construir uma nova sociedade, alternativa a do mundo.
Manipulado pelas lideranças religiosas, lavrou a sentença de morte contra o seu próprio Senhor e Salvador. Na obediência ao projeto do Pai, Cristo inaugura os tempos novos da misericórdia; muda radicalmente a vida das pessoas; traz a resposta autêntica aos verdadeiros problemas, que, desde sempre, afligem a vida da humanidade, carente de unidade e paz.

(Padre Ernesto Ascione é missionário comboniano.)

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