RACHA
A nota da vice-prefeita Professora Raquel, divulgada em tom de protesto nesta semana, ressonou mal na Prefeitura de São Mateus. Enquanto uma parte do magistério demonstrou apoio, outros servidores e a cúpula da gestão municipal não viu com bons olhos o racha público entre a vice-prefeita e o prefeito Marcus Batista. A nota foi para demonstrar o posicionamento contrário dela à nomeação de Edna Rossim na Secretaria de Educação.
CALENDÁRIO DE EVENTOS
Ontem, a Secretaria Municipal de Comunicação divulgou o calendário de eventos de São Mateus. Mais uma vez, a Prefeitura fecha uma programação sem antes convidar os promotores de eventos estabelecidos na cidade a oferecerem suas contribuições. Ou seja, diversos eventos importantes que acontecem todos os anos, mais uma vez, ficaram sem espaços na programação da Prefeitura. Por outro lado, eventos organizados por entidades de Vitória estão sendo acolhidos pela Prefeitura. Enquanto isso, aquele discurso de campanha de valorizar as iniciativas mateenses está ficando para depois. Os produtores de cultura que o digam.
DE OLHO EM 2026
Dois prefeitos capixabas anunciaram recentemente desfiliação do partido Republicanos já visando uma aproximação maior com o governador Renato Casagrande e o vice-governador Ricardo Ferraço para as eleições de 2026. Ricardo Ferraço é, no momento, o nome de Casagrande na disputa palaciana no Estado. Os prefeitos Fernando Camiletti (Sooretama) e Dalton Perim (Venda Nova do Imigrante) ficam sem partido, aguardando um posicionamento do governador. Há rumores ainda de que o movimento estaria sendo seguido por outros prefeitos capixabas.
PRESSÃO
Nos bastidores políticos, os comentários são que o governador estaria trabalhando para crescer sua rede de apoio para as próximas eleições e convidando os prefeitos a se desfiliarem de partidos ligados a lideranças políticas que possam embaralhar o quadro geral no próximo ano, como no caso de Erick Musso, presidente do Republicanos no Estado e secretário municipal do prefeito Lorenzo Pazolini, em Vitória. Erick e Pazolini se articulam em oposição a Casagrande. Ex-presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso tem demonstrado disposição para retornar ao protagonismo político estadual, quem sabe até tentar uma vaga no Senado ou Câmara Federal. Nesse jogo intenso, os prefeitos acabam ficando entre o mar e o rochedo, pois querem verbas para obras e nem todos se sentem à vontade para mudar de partido.
FORÇAS POLÍTICAS
O certo é que, em 2026, o grupo de Casagrande deve digladiar com o grupo liderado pelo prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, do Republicanos, que deve ainda arregimentar apoios de lideranças importantes no Estado, como o ex-governador Paulo Hartung e o próprio Erick Musso, além de Manato, que teve a esposa, a ex-deputada federal Soraya Manato, nomeada como secretária de Assistência Social de Pazolini. Outro que era aliado de Casagrande e se aproximou do prefeito de Vitória é o ex-secretário estadual de Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, que assumiu recentemente a Secretaria de Meio Ambiente da capital.

TARIFAÇO DO TRUMP
As tarifas adicionais de 10% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, começam a valer a partir deste sábado. Nesta sexta-feira, o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo, Paulo Baraona, emitiu uma nota afirmando que a nova política de importação dos norte-americanos precisa ser vista com cautela. Ele considerou que, apesar de o Brasil estar entre os países com menor sobretaxa apresentada, “ainda assim a medida protecionista pode impactar em algum nível a competividade das exportações capixabas e nacionais”.
MAS PODE BENEFICIAR
No entanto, especialistas em geopolítica global apontam que o Brasil pode ser um grande beneficiário dessa guerra tarifária iniciada pelo governo Trump. Inclusive, as próprias lideranças do agro norte-americano preveem que os produtos brasileiros podem ganhar mercado, principalmente na Europa e na Ásia. O presidente da Findes aponta que a relação comercial do Brasil com os EUA “sempre foi baseada no diálogo permanente” e que a Findes e a CNI “acreditam que é preciso que ela continue dessa forma”. Por isso, o Observatório Findes, que é um centro de estudos e inteligência de dados da Federação, já iniciou os estudos para identificar os impactos que a medida pode ter sobre o setor produtivo capixaba.
MERCADO
Conforme os dados apresentados pela Findes, os EUA são o segundo principal destino das exportações brasileiras e o primeiro no caso das capixabas, representando 28,5% de todas as exportações do Estado. Além disso, enquanto no Brasil a balança comercial é favorável para os Estados Unidos, no caso do Espírito Santo ela é positiva para o Estado: 3,06 bilhões de dólares em exportações contra 2,05 bilhões de dólares em importações. Os principais setores do Espírito Santo que exportam para o mercado dos Estados Unidos, e que consequentemente têm maiores chances de algum impacto a partir da medida, são: aço (1º lugar na pauta exportadora capixaba para os EUA), rochas ornamentais (2º), papel e celulose (3º), minério (4º) e café (5º).
TAXAÇÃO ENCARECE PRODUTOS
A Federação explica que, uma vez que a taxação encarece os produtos importados pelos consumidores dos EUA, a medida do presidente Trump pode desestimular, parcialmente, as vendas da indústria e da agropecuária capixabas para esse destino. Entretanto, se a indústria dos Estados Unidos não for suficiente para suprir a demanda local, os produtos do Brasil e, consequentemente do Espírito Santo, ao terem a incidência da taxação mínima, poderão ter alguma competitividade frente aos produtos de países com taxação mais elevada, como é o caso da China, da Índia, do Vietnã e da Indonésia.
DIÁLOGO
Com isso, o presidente da Findes reforça que o aprofundamento do diálogo continua sendo a melhor saída. “A Federação entende que o governo brasileiro deve continuar negociando com o presidente Donald Trump e sua equipe em busca de soluções que melhor atendam ambas as nações, principalmente no caso do aço e do alumínio, para os quais as tarifas anteriores de 25% estão mantidas. Acreditamos que a busca por soluções que alinhem os interesses dos dois governos e do setor produtivo de ambos os países seja fundamental para que o Brasil tenha uma agenda de facilitação do comércio e para que a abertura de novos mercados dentro dos EUA aconteça. Seguiremos atentos a novas medidas que possam ser anunciadas” – complementa.