São Mateus – O homem denunciado pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) como responsável pela morte de Ana Luisa, ocorrida no dia 12 de janeiro de 2021 no Hospital Roberto Arnizaut Silvares vai a júri popular na quinta-feira (27). O julgamento acontece no Fórum Estadual Desembargador Santos Neves, em São Mateus. A sessão está marcada para iniciar às 8h, conforme a pauta de julgamento da primeira reunião do Tribunal do Júri da Comarca de São Mateus apresentada pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo, no início deste mês.
O acusado, Leonardo Luz Moreira, foi denunciado pelo MPES pela morte de Ana Luisa Marcelino Ferreira da Silva. Ela tinha 10 anos quando faleceu após ter sido atendida pelo homem que, segundo a Promotoria de Justiça de São Mateus, exercia a função de maneira ilegal no Hospital Roberto Silvares.
O MPES afirma também que, no âmbito criminal, ofereceu denúncia e adotou outras providências cabíveis em face de Leonardo Luz Moreira que, segundo o entendimento da Promotoria, por meio de falsificações, exerceu ilegalmente a medicina, o que ocasionou a morte da vítima. O caso tramita em segredo de Justiça.
Segundo o MPES, na esfera cível, foi ajuizada ação civil pública por ato de improbidade istrativa contra o falso médico. Na ação, o MPES requer a condenação de Leonardo Luz Moreira “por ter exercido a profissão de médico sem autorização legal, mediante falsificação de documentos, atuando como servidor público do Estado do Espírito Santo e do Município de São Mateus, o que causou lesão aos cofres públicos e o consequente enriquecimento ilícito do requerido em aproximadamente R$ 368.246,50”
O que diz a defesa
São Mateus – A Reportagem entrou em contato com a advogada Bruna Mitsui Hara, do Escritório Hara Lino Advocacia, com sede na cidade de Cianorte, no Paraná, na manhã desta segunda-feira (24). Em resposta, ela enviou uma nota. De acordo com o texto, a defesa de Leonardo Luz Moreira buscará “demonstrar que os fatos não ocorreram conforme a denúncia do Ministério Público”.
Leia a íntegra da nota: “A defesa do Sr. Leonardo Luz Moreira afirma que está confiante de que os fatos serão esclarecidos e que a verdade prevalecerá. O Sr. Leonardo Luz Moreira sempre colaborou com as autoridades e está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos necessários na sessão plenária designada para a próxima semana. Reiteramos que o Sr. Leonardo confia no sistema de justiça.
Ainda, buscamos demonstrar que os fatos não ocorreram conforme a denúncia do Ministério Público e que trabalhará para demonstrar como os fatos aconteceram verdadeiramente. Aproveitamos para destacar que o julgamento pelo Tribunal do Júri deve ser justo e imparcial, sem influência ou pressão social. Agradecemos a compreensão da imprensa e da sociedade em geral neste momento delicado. Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a ética em todo o processo”.
O que diz o Ministério Público
São Mateus – Ana Luisa morreu na madrugada de 12 de janeiro de 2021 após ser atendida pelo falso médico no Hospital Roberto Silvares. O MPES, por meio da 2ª Promotoria de Justiça Criminal de São Mateus, ofereceu denúncia em 2023 em face do acusado pelos crimes de falsificação do prontuário médico e pelo homicídio de Ana Luisa Marcelino Ferreira da Silva, na época, com 10 anos, “enquanto atuava ilegalmente na condição de médico no Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares”.
Leonardo acabou sendo preso, no dia 18 de agosto de 2021, pela Polícia Federal numa ação de combate a uso de diploma falso e permaneceu detido por 4 meses, o que acabou reforçando a acusação de que ele seria o responsável pela morte de Ana Luísa.
Após investigações da Polícia Federal, Polícia Civil do Espírito Santo, o caso foi encaminhado ao Ministério Público do Espírito Santo. Em julho de 2024, foi realizada uma audiência de instrução em que as testemunhas envolvidas na denúncia foram ouvidas. Também foi realizado o interrogatório do acusado por videoconferência porque ele não conseguiu comparecer presencialmente, alegando residir no Sul do País.
Após a expedição de mandados de intimação para o local por ele informado como sendo de sua residência, e constatada a ausência dele no endereço, foram realizadas pesquisas e diligências pelo Ministério Público. Dessa forma, foi verificado que o réu se encontrava matriculado e frequentando presencialmente um curso de Medicina em uma universidade na cidade de Saltos del Guairá, no Paraguai.
A partir disso, os fatos foram comprovados e informados nos autos, o que resultou na decretação da prisão preventiva do homem. Foram realizadas diligências para localizar o réu, que resultaram na efetivação de sua prisão no dia 15 de dezembro de 2024. Na audiência de custódia realizada no dia seguinte, 16 de dezembro, a prisão foi mantida pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de São Mateus e o caso vai a júri popular nesta semana.
MÃE
A Reportagem também fez contato na manhã desta segunda-feira com a mãe de Ana Luisa, Alessandra Ferreira Marcelino. No entanto, ela preferiu não se manifestar neste momento. Amigos próximos à Alessandra informaram que ela está muito abalada com os últimos acontecimentos e que, por este motivo, prefere não dar entrevista.
