Afogamentos e acidentes com águas-vivas foram os principais atendimentos realizados por guarda-vidas e pelo Corpo de Bombeiros nas praias de Guriri. O balanço da Operação Verão, iniciada antes do Natal e encerrada no domingo (9), após o Carnaval, foi apresentado à Rede TC de Comunicações pelo subcomandante da 1ª Companhia Independente do Corpo de Bombeiros, capitão Davi Pedroza. Além de São Mateus, o capitão apresentou dados também de Conceição da Barra, que inclui o balneário de Itaúnas.
Ele afirmou ainda que o resultado da Operação Verão foi satisfatório, já que nas áreas de monitoramento não houve caso grave, que evoluiu para óbito. No entanto, citou o incidente com um turista que morreu após entrar no mar, em Guriri, numa área que ele alegou que não possuía guarda-vida ou profissional do Corpo de Bombeiros. O caso ocorreu no dia 5 de janeiro e o turista, identificado como Elifran Gomes do Sacramento, da Bahia, foi retirado do mar por populares. A morte dele foi confirmada no Hospital Roberto Silvares.
Ainda assim, ele considerou que a Operação Verão foi encerrada “com chave de ouro”, afirmando ainda que, pela primeira vez em muitos anos, os balneários de Conceição da Barra não tiveram nenhuma ocorrência grave.
PREVENÇÃO
Outro dado apresentado pelo capitão Pedroza é relacionado à quantidade de atendimentos preventivos. Ele explicou que esse tipo de intervenção, realizada para prevenir possíveis situações de risco, é uma importante ação realizada pelos profissionais que atuam na segurança em orlas, já que é através dela que são evitadas situações mais graves e que podem evoluir para morte. De acordo com o subcomandante, em São Mateus, foram realizadas 122.741 ações preventivas durante a Operação Verão. Em Conceição da Barra, foram 25.509.
Ações de resgate em Guriri crescem a cada ano
Outro dado importante apresentado pelo capitão Pedroza diz respeito aos resgates. Segundo ele, na Operação Verão 2024-2025, somente em Guriri foram 323 ocorrências deste tipo, número que ele considerou expressivo. O subcomandante do Corpo de Bombeiros em São Mateus apontou ainda que este tipo de atendimento vem crescendo, pelo menos nos últimos três anos.

Foto: Divulgação
De acordo com os dados apresentados à Reportagem pelo militar, no Verão de 2022-2023, foram realizadas 108 ações de resgate. Na temporada seguinte, foram 145 resgates, atingindo os 323 no Verão atual. Além disso, as prevenções também vêm aumentando, com 52.704 em 2022-2023, 82.000 no Verão ado e 122.741 na operação encerrada no domingo.
AFOGAMENTOS
Outra situação está relacionada com o afogamento. O capitão Pedroza explicou a diferença entre resgate e afogamento. Segundo ele, o resgate é feito quando a pessoa tem dificuldades para sair do mar, seja por conta do fenômeno chamado maré de retorno ou mesmo por buracos no mar. “Já o afogamento é aquela situação em que a vítima ingere água e um profissional precisa realizar manobra de ressuscitação, como massagens torácicas, auxílio de oxigênio e até encaminhado para atendimento médico”, pontuou o subcomandante.
Neste caso, em Guriri, foram registradas 23 ocorrências nesta temporada envolvendo afogamentos, quantidade superior aos dados do ano ado, quando foram 10, e no ano anterior, com oito registros.
Segundo o capitão Pedroza, nesta temporada não foram registradas ocorrências envolvendo afogamentos nas praias de Conceição da Barra. Em relação aos resultados de anos anteriores, ele afirmou que, devido a uma mudança na plataforma de inserção de dados, não seria possível fazer a consulta.
ÁGUAS-VIVAS
Em relação a acidentes com águas-vivas, que ocorrem principalmente com crianças, o capitão Pedroza informou que foram registradas 182 ocorrências somente em Guriri. No geral, incluindo as praias de Conceição da Barra e acidentes provenientes de contatos com outros animais marinhos, foram registradas 636 ocorrências.
Capitão Pedroza afirma que é preciso melhorar estruturas e valorizar guarda-vidas
Subcomandante da Companhia do Corpo de Bombeiros em São Mateus desde junho de 2023, capitão Pedroza fez uma reflexão sobre a situação atual dos guarda-vidas que se apresentam para o trabalho nos balneários no Norte do Estado. Segundo ele, é preciso valorizar os profissionais, além de melhorar as infraestruturas. No entanto, ele reconheceu que a maioria das dificuldades enfrentadas nesta temporada foi em função das mudanças de gestões das prefeituras.
“Nossa principal dificuldade é a falta de guarda-vidas, profissão que está muito desvalorizada e por isso não tem profissional suficiente”, argumentou, lembrando o caso de São Mateus, que abriu edital para contratações, mas não conseguiu preencher todas as vagas necessárias. Por isso, conforme destacou o capitão, as áreas monitoradas por guarda-vidas nesta temporada foram aquelas com maior concentração de banhistas.
Outro ponto levantado pelo militar é relacionado a Guriri, que teve a orla aumentada nas duas direções, tanto norte quanto sul, com a construção de novas arelas e urbanização. “Tem praias com muitos banhistas e sem guarda-vidas. Falta placa informativa, sinalização com bandeiras, por exemplo”. Segundo ele, as sinalizações das praias são de responsabilidade das prefeituras.
Em Conceição da Barra, ele pontuou que não existem mirantes e os guarda-vidas ficam durante todo o dia trabalhando sob ombrelones, o que indica não ser suficiente e nem adequado. Segundo ele, os mirantes, além de um abrigo seguro para os profissionais, também proporcionam um maior campo de visão para monitoramento dos banhistas.
E complementou destacando a importância do trabalho dos guarda-vidas. “A quantidade de atendimentos aumentou porque temos uma área maior sendo monitorada. Com o excelente trabalho dos profissionais, foi possível fazer esses registros e prevenir situações mais graves. Imagine se não houvesse guarda-vida, a situação seria pior. O profissional é o primeiro a chegar na praia. Ele faz o reconhecimento na areia e no mar para identificar os pontos de maré de retorno, buracos e outras situações para melhor orientar os banhistas”.
Por isso, alertou, é preciso respeitar as orientações dos profissionais e não colocar a si próprio e a família em risco.
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